sábado, 6 de novembro de 2010

O projeto de Colombo


O projeto de Colombo

Portugal, à época, buscava uma passagem marítima para o Oriente, que lhe permitisse comerciar directamente com a Índia, de onde eram redistribuídas as especiarias oriundas das ilhas Molucas, a par de outros produtos de luxo. Via nesse projeto uma resposta cristã à hegemonia turco-egípcia, muçulmana, sobre a rota terrestre abastecedora da Europa, particularmente das cidades de Gênova e deVeneza.
Provável retrato de Colombo em pormenor de "Virgen de los Navegantes" pintado por Alejo Fernández entre 1500 e 1536, atualmente na "Sala de los Almirantes", no Reales Alcázares de Sevilla
(foto por Manuel da Silva Rosa)
Como alternativa a esse projeto, Colombo concebeu atingir as Índias navegando para o Ocidente, contornando o planeta. As suas ideias básicas eram:
  • a esfericidade da Terra; e que
  • os mares eram formados por uma única massa.
Durante a sua estadia em Portugal, Colombo correspondeu-se com Paolo del Pozzo Toscanelli. Nessa correspondência passou intencionalmente a Toscanelli uma estimativa (incorreta) de que a distância era mais curta que a aceite pela Junta de Matemática de D. João II. Este órgão aceitava a afirmação de Ptolomeu de que a massa de terras (a Eurásia e a África) ocupava 180 graus da esfera terrestre, com 180 graus de mar. De facto só ocupa cerca de 120 graus. Colombo teria usado os cálculos de Pierre d'Ailly, acreditando que a massa ocupada por terras era de 225 graus, deixando 135 graus de mar e atribuindo um comprimento menor ao grau delongitude terrestre; estes factos, em conjunto com o globo de Martin Behaim, teriam tido a virtude de convencer os castelhanos, no Concelho de Salamanca onde apresentou o seu projeto a um grupo de religiosos e leigos, a patrocinar a sua expedição. A circunferência verdadeira daTerra é de aproximadamente quarenta mil quilómetros. Colombo teria afirmado que era de trinta mil e seiscentos quilómetros, estimando assim que a distância ao Japão era de cerca de quatro mil quatrocentos e quarenta e quatro quilómetros.
Mas Manuel Rosa prova no seu último livro Colón. La Historia Nunca Contada[9] que Colombo de facto media 231 léguas desde Santa Maria nos Açores até Lisboa (uns 6000 quilómetros por légua), e que essa era a mesma distância que dá Valentim Fernandes no seu Livro de Marco Paulo.[10] Também o Infante D. Henrique menciona as mesmas léguas na doação da Ilha Terceira a Jacome de Bruges em 1450.[11] Deduz-se assim que Colombo em vez de andar perdido ou enganado, ocultava o que sabia e fazia-o para enganar os Reis Católicos e que o globo de Martin Behaim, um perito da Junta de Matemática de D. João II fazia parte do mesmo engano.
Colombo conseguiu finalmente fazer aprovar o projecto da sua viagem junto dos Reis Católicos, após a conquista de Granada, com a ajuda do confessor da rainha Isabel de Castela. Os termos da sua contratação tornavam-no almirante dos mares da Índia a descobrir e governador e vice-rei das terras do Oriente a que se propunha chegar, em competição com os portugueses que exploravam a Rota do Cabo.

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